domingo, 21 de março de 2010

Domingo

O Senna não era só o Senna. Eram minhas manhãs de domingo assistindo Tv na cama do meu pai, junto com ele. Era a gente conversando, torcendo, sendo pai e filho. Era um gosto que a gente tinha em comum. E no fim ele sempre chorava com aquela música. E eu ficava só observando, e ficava meio engasgado... Como acabei ficando agora. Era isso.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Estação macarrão

Hoje voltei no Metrô sentado do lado de uma gordinha. Uma gordinha segurando e comendo um saco enorme de pipoca. Normal?

Não, não é normal uma pessoa devorar meio quilo de pipoca enquanto volta pra casa.

Ainda mais do jeito que ela comia. Parecia que a pipoca ia desintegrar se ela não devorasse, nem respirava direito. Só mastigava e mastigava olhando para o infinito.

Aí, eu como um magrelo raquítico, fiquei pensando: por que será que uns tem tanto apetite e outros tão pouco?

Sim, porque esse papo de que "sou gordo porque tenho problema hormonal", eu só aceito com apresentação de exame de sangue.

A verdade é que tem muito gordo safado e doente que substitui todas suas angústias por comida. Isso sim. A minoria tem realmente algum problema genético.

Claro que todos nós temos nossas angústias e problemas. Mas, usar comida como paliativo, vejo que hoje em dia é muito pior do que ser alcoólatra, como é o meu caso.

Porque dos bêbados a sociedade ainda acha graça, mas dos gordos não. A sociedade repele; tem um preconceito velado e muito forte.

Falando o português claro, todo gordo é interpretado como uma pessoa preguiçosa, folgada, sem disposição e sem auto-estima. O que sei que é mentira.

E do mesmo jeito, mas em escala menor, sofrem os magrelos como eu, sempre interpretados como alguém fraco, apático, sem força pra vencer. O que também não é verdade.

Mas a minha bronca, se é que tenho direito a alguma, é que aquela gordinha (que pra ser sincero, era enorme) não era exceção, era quase uma regra. Gordinhos devorando pacotinhos de amendoim e tomando refrigerante pelo canudinho, tem mais que barata no mundo. Por onde você vai, você encontra um deles.

E eu que odeio preconceito, até porque também muitas vezes sou vítima, fico muito triste quando vejo uma pessoa dessas destruindo sua sorte.

Sim, porque infelizmente estar fora dos padrões da sociedade é estar fora do sistema, das oportunidades, de tudo.

Aí, aposto que aquela gordinha deve chegar em casa à noite, encontrar o marido e dizer que está cansada e que vai deitar em instantes.

E o marido, por preocupação, questiona: Mas você não vai jantar?

Claro que não, ela responde.

Conclusão, toda noite esse marido deve ir deitar pensando a mesma coisa: Como é que essa mulher não para de engordar, se ela nem janta?

Enfim, não tenho pretensão de emagrecer ninguém com este texto (Muito pelo contrário, eu gostaria de engordar). Até porque essas coisas de emagrecer ou engordar, quando não é safadeza, são problemas mais graves do que se imagina; problemas psicológicos, traumas, e distúrbios profundos na personalidade.

Mas, também não acho que meio quilo de pipoca possa melhorar alguma coisa na vida de uma pessoa que já está fudida, sofrendo com obesidade.

De qualquer forma, por mais difícil que possa parecer, garanto que só escreve um texto desses quem também de alguma maneira sofre com tudo isso. Às vezes por ser vítima de preconceito, outras por ser mais um dos preconceituosos.

Vítimas, talvez sejamos todos. Mas meio quilo de pipoca, só come quem quer.

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terça-feira, 16 de março de 2010

Me sinto entupido.
Minha vida tá boa,
mas quando penso em escrever, travo.
Tô entupido.
Ou perdi o carlos que escrevia aqui.
Enfim, foda-se.
Pra variar.