Aos poucos começo a entender porque falam tanto de deus nesse mundo.
No fundo, a questão não é ele existir ou não, é que chega uma hora que não há mais a quem atribuir nossas sortes.
Hoje, por exemplo, deus me salvou. Acabo de recusar uma noitada repleta de tudo o que não presta nesse mundo, tudo mesmo. Por que recusei? Não sei, mas se me dissessem que foi deus, hoje eu acreditaria.
Claro que há bastante coisa rolando dentro desta decisão. Minha cabeça anda meio descolada do corpo ultimamente e fazer festa quando você merece uma festa nunca dá certo.
Mas eu disse não. Um não tão forte que não houve insistência. Talvez porque eu também esteja aprendendo aos poucos a dizer não.
Pouco tempo atrás, qualquer dose de vodka era suficiente pra me fazer querer beber o litro todo. Mas agora ando ponderando, ando me perguntando se preciso mesmo daquilo.
Curiosamente, hoje um amigo conversava comigo sobre farras e baladas e expus a ele a minha vontade de voltar com força total para gandaia. Mas, sem pensar ou gaguejar ele soltou uma frase na minha cara que me assustou. Ele disse assim: Carlos, vc não acha que já aprontou demais nessa vida?
Na hora assustei. Ele, que nem me conhece muito bem, parece que já sabia de tudo o que aprontei e vivi nessa vida. Metade, talvez, pelas histórias que vivo contando; e a outra metade por perceber que tenho mais experiência sobre diversos assuntos do que muito adulto nessa vida.
Enfim, parodiando e questionando Vinícius, será que chegou mesmo a hora de começar a viver sem se achar infinito? Não sei, não sei e não sei.