quarta-feira, 26 de maio de 2010

Humano demasiado humano

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Não é por acaso que minhas punhetas sempre foram tratadas por mim como verdadeiras homenagens às minhas amigas e mulheres. Porque pra mim, o ato de se masturbar, antes de qualquer sacanagem, sempre foi homenagem mesmo.

São momentos que passo pensando nas mulheres que eu gosto, nas pessoas que fazem parte do meu dia, da minha vida, da minha história.

Além disso, me masturbando também consigo matar a saudade delas, como uma espécie de telepatia que me leva até elas e a todas as coisas boas que vivemos.

Por isso, nunca tive problemas em assumir minhas punhetas e minhas homenagens. Porque quando as pratico, é de coração mesmo.

Claro que junto com toda esta poesia, também se realizam desejos e taras das mais ordinárias e sujas. Mas, no fundo, punheta também é coisa de deus.

Afinal, foi ele o sacana que inventou tudo isso; que criou a perfeição de um par de seios; o cheirinho da buceta; aquela boquinha macia; aquele cuzinho rosado... E que atire a primeira pedra quem nunca limpou o pinto no lençol. Boa noite.

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Homenagem do Manuel Bandeira pro Mario Quintana...
Coisa de gênio, coisa de amigo, coisa que este sitio valoriza.

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares…
Insólitos, singulares…
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares…
Perdão! digo quintanares.

Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares…
Sempre de barco passando,
Cantando meus quintanares…

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Hoje eu não vou trabalhar

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Eu odeio sentar no ônibus. No ônibus ou em qualquer meio de transporte público. Acho que sentar é coisa para mulheres, idosos e fracos. E homens fracos nesse mundo não faltam. Vejo-os diariamente disputando lugares no ônibus com as mulheres e afins. Bichonas.

O fato é que, excepcionalmente hoje, eu sentei. Ando com uma dor nas costas muito chata esses dias e ainda carregava nas mãos um gibi do Robert Crumb que queria devorar antes de chegar no trabalho.

Foi então que avistei um lugarzinho meia boca ali no fundo no ônibus, dos que dão para o corredor. Sentei, fiquei por mais uns segundos observando as pessoas que entravam pra ver se avistava alguma gostosa e ameacei abrir meu Gibi.

De repente, encostou em mim uma velha, uma velha espaçosa. Daquelas que tem coragem de reivindicar publicamente um assento só para as outras pessoas te condenarem com os olhos. Mas, me mantive calmo, sentado e resolvi abrir o meu Gibi pra esquecer do mundo.

O problema é que o ônibus foi enchendo rapidamente antes de partir, e aquela velha espaçosa agora estava com sua bolsa enorme e pesada enfiada na minha cara, como quem quisesse dizer: se ofereça logo pra colocar minha bolsa em seu colo.

Mas eu resisti, resisti bravamente. Ok, o certo era ou oferecer meu lugar ou meu colo para a sua bolsa, mas não fiz nenhum dos dois. Preferi deixar a velha se fodendo com sua bolsa enorme.

Claro que pensei na minha mãe que também é velha, na minha tia que todo dia pega ônibus e na merda que deve ser estar chegando perto da morte. Mas, na vida a gente não pode fazer como esses políticos filhosdaputa que nunca dão a vara, só o peixe. Eu tinha que aproveitar a oportunidade para ensinar algo que aquela velha já deveria ter aprendido há muito tempo: nunca carregue por aí uma bolsa cheia de porcarias que você não precisa, porra.

Se ela aprendeu a lição depois de viajar durante uma hora carregando o peso da sua própria cruz, eu não sei. Mas me sinto com a consciência muito tranquila neste momento. E pronto para mais um dia de trabalho. Bom dia.

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