segunda-feira, 28 de abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

R$ 20 pra cada



Parece fácil, mas não é. Participar de uma surubinha também requer algumas técnicas e um pouco de traquejo sexual.

Pra começar, tirar a roupa na frente de outro homem nunca é uma coisa muito confortável, principalmente porque é a hora em que tudo aquilo que você diz pelos bares quando está bêbado cai por água abaixo.

A sorte é que geralmente nestes momentos surubatórios a gente também sempre tá meio chapado, então todos os traumas e pudores, de certa forma, são atenuados.

O importante mesmo é você se concentrar bem nos atributos da moça pra não broxar. E pra isso não acontecer também existem umas técnicas. Uma delas é sacar o pinto antes do seu amigo. Ele pode até tirar um sarro de você na hora, mas o quanto antes você se mostrar disposto a oferecer seu pau à moça, antes ela vai agradecer e “trabalhar” com ele. Por isso, vale a pena o constrangimento. Tire logo o pinto murcho pra fora e coloque na boca da moça, é tiro e queda.

Outra manha é evitar ao máximo o contato de pele com seu amigo, pois se você não é viado isso só vai te broxar mais ainda. Então, repetindo, nunca encoste no seu amigo de suruba. A qualquer encostada ele vai pensar que você é bixa e o seu pau vai desmoronar com a hipótese dele espalhar isso pro mundo.

Atento a isso, é só relaxar e saber dividir as coisas. Assim como no boteco você divide certinho o fim da cerveja entre dois copos, você também terá que saber dividir todas as partes sexuais da moça.

Se ele estiver atrás, fique na frente. Enquanto um come, outro deixa ela chupar. E assim por diante. O importante é o equilíbrio das ações, principalmente pra nenhum dos dois gozar antes do outro. Aliás, esse é um detalhe importante: você nunca pode gozar antes do seu amigo. Ao mesmo tempo pode, antes nunca.

Gozar antes é o fracasso. Por isso, siga a risca a divisão das partes e do tempo de penetração na moça. Assim, você garante uma suruba muito mais longa e com final feliz para todos.

Outra dica é nunca tentar esses negócios de dupla penetração. Porque se tentar, você obrigatoriamente será obrigado a roçar no corpo do seu amigo. E, se perna com perna já é nojento, imagine saco com saco. Não dá. Esquece.

Pra fechar com chave de ouro sempre vale aquela combinada rápida, sem muita discussão, sobre onde os dois irão gozar juntos. Geralmente, elas preferem serem gozadas nas costas ou nos peitos. Aí, fica a critério de vocês.

Caso o combinado seja gozar nos peitos, vale a dica de ambos darem uma pequena surra de picas nos mamilos da vítima. Isso geralmente provoca uma situação engraçada a acaba sanando aquela eterna vontade masculina de sempre dar uma surra na parceira sexual.


terça-feira, 22 de abril de 2008

Observante

Ter lavado meu cabelo com sabonete íntimo até que deve ter causado algum efeito positivo na minha cabeça. Nada mudou quase nada, mas estou mais feliz.
Rever meus amigos traz uma energia que só encontro neles e em São Paulo. Talvez seja alguma coisa que vem da vodka da casa deles, sei lá.
Só sei que São Paulo é uma coisa meio inexplicável. É o único lugar do mundo com a bondade chover apenas por 5 minutos durante um sábado só pra não estragar a noitada de ninguém. Mas ao mesmo tempo é um lugar tão cruel que obriga milhares de pessoas feias andarem de metrô de madrugada só pra não estragarem as paisagens da cidade.
Parece brincadeira, mas não é. Isso é quase minha próxima tese sócio-antropológica: a incidência de pessoas feias no metrô é muito maior de madrugada do que em horários de pico.
Segundo meu espelho, pessoas feias têm sérios problemas com auto-estima, e isso afeta completamente o desenvolvimento de suas vidas.
É por isso que a gente encontra mais desses excluídos e auto-excludentes durante a madrugada, pois seus traumas e medos não permitem que eles consigam enxergar um mundo feito de oportunidades iguais para todos.
Sendo assim, todos se vêem obrigados a trabalhar muito mais do que a maioria e em subempregos, acordando sempre cada vez mais cedo, chegando mais tarde em casa e sofrendo cada vez mais.
Deve ser por isso também que pobre sempre tem cara de cansado. Mas essa tese eu só pretendo defender depois de deixar de ser um.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Lúpulo importado



São 1h45 da “madrugada” e acabo de chegar de uma lanchonete. Estava tomando um porre de Bavaria Premium. Tem coisa mais decadente? Não sei, mas confesso que o clima de casalzinho do lugar amoleceu meu coração.

Me bateu uma saudade filhadaputa dos tempos que eu tive uma coisa mais ou menos chamada namoro e que essa coisa me possibilitava momentos em lanchonetes incrivelmente agradáveis.

Ficávamos ali comendo, bebendo, trocando alguns carinhos e completamente lubrificados da cintura pra baixo. Era uma sensação incrível, como se estivéssemos transando e bebendo cerveja ao mesmo tempo.

Enquanto isso, meus colegas de mesa só falavam de putas, drogas e essas coisas boas da vida, mas eu nem estava ligando muito. Tudo o que eu queria naquela lanchonete era uma namorada pra dividir uns sorrisos, umas sacanagens no ouvido e sair de lá com a certeza de que a minha noite terminaria começando o dia ao lado alguém.


domingo, 13 de abril de 2008



Todo casal tem um sonho,

uma música,

um apelido carinhoso,

uma posição,

um restaurante,

uma data,

um drink,

uma briga,

uma reconciliação,

um tempo,

um fim.

terça-feira, 8 de abril de 2008

00h29

Em 29 anos, acho que posso dizer que nunca comi alguém usando o pinto e o coração ao mesmo tempo. Nem sei se isso é possível, mas eu sinto falta.

Gostaria de gozar dentro de alguém que fosse capaz de compreender o que se passa na cabeça dos meus 200 milhões de espermatozóides.

Este talvez seja o verdadeiro orgasmo existencial: se sentir compreendido até por uma boceta.

Boa noite.

Passarinho triste não canta, não escreve e não tem ereção.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Há 8 meses

Abro a porta, ligo o micro, ligo o ventilador, tiro o tênis, tiro as coisas do bolso, pego um miojo sabor galinha caipira no armário e vou pra a cozinha.

Na cozinha, coloco o miojo em cima da geladeira, abro o armário, pego uma panela e uma frigideira. Ponho água na panela e boto pra ferver. Abro a geladeira, pego meu tupperware de bifes e o pote de tempero de alho e sal.

Enquanto a água do miojo vai fervendo, coloco um bife embaixo da água pra descongelar.

Ligo a frigideira, uma gota de óleo e ponho o bife. Abro o armário mais uma vez e pego uma tampa para a frigideira, para sujar menos o fogão.

Coloco o miojo na água, coloco o tempero que vem junto e levanto a tampa da frigideira pra olhar como está o bife.

Abro mais uma vez a geladeira, guardo o tupperware de bifes no congelador e pego uma pitada de orégano na porta da geladeira pra jogar no bife, e jogo.

Enquanto tudo cozinha, estico um pano de prato na mesa, pego um prato, um garfo e uma faca no armário. Viro o bife, desligo o fogo, jogo uma pitada de sal e tampo.

Minutos depois desligo o miojo e ligo de novo a frigideira pra não correr o risco de comer o bife frio.

Escôo a água do miojo na pia e jogo no prato. Volto pra frigideira e tiro as gorduras do bife na própria frigideira. Passo uma água rápida na panela do miojo pra depois não precisar lavar muito.

Jogo o bife picado no prato de miojo e vou até o lixo jogar as gorduras do bife no lixo. Volto pra pia, ponho água na frigideira pra ir amolecendo a gordura e me sento pra comer.

Como tudo bem devagar. Mastigando cada pedacinho do bife no mínimo trinta vezes pra não dar trabalho para o meu estômago. Então, volto pra pia, passo a bucha em um sabão em pedra porque não tem detergente. Lavo a panela do miojo, a frigideira, sua tampa, um prato, um garfo e uma faca.

Abro mais uma vez o armário e pego um copo. Vou na pia e encho ele de água. Antes de beber, pego a panela e a frigideira e ponho de novo no fogão. Ligo uma boca pra cada um e, enquanto eles secam, tomo meu copo d’água. Depois, passo uma água no copo, ponho no escorredor, jogo a embalagem do miojo que tinha esquecido em cima da geladeira no lixo, apago a luz e fim.