quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sofia


Queria saber escrever

Algo pra trazer você

Sem reticências, pontuação

Só verbos de ligação


Queria saber escrever

Algo pra alegrar você

Sem minhas culpas, prejuízos

Só o que trouxesse sorrisos


Queria saber escrever

Algo pra virar você

Sentir você dentro de mim

E conhecer o seu jardim.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Meu avô, há alguns anos, morreu porque não tratou do cu dele. Meu pai, neste exato momento, está lá no hospital para operar pela terceira vez o seu cu. Eu, estou aqui no cu do mundo. E a minha família deve estar com o cu na mão. Vai tomar no cu todo mundo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Feliz por estar triste

De repente, depois de ter tomado uma torre de chopp de 5 litros junto comigo, uma pessoa que me conhece a menos de um mês olha pra mim e diz: gosto de você pra caramba, mas confesso que não consigo definir você. Você parece uma pessoa incompleta, capaz de ir pra qualquer lugar a qualquer hora só pra fugir das suas angústias.

Por um instante, achei estar ouvindo a voz de Deus. O que será que ele quer comigo?

Depois, uma mulher me oferece uma chupeta por cinco reais. Minha sorte é que ela não tinha troco pra cinqüenta.

Depois, me pego arrancando alguns pelos do peito por pura compulsão. Definitivamente, minha alma tem medo de crescer e envelhecer.

Depois, percebo que o Arnaldo Antunes faz rimas muito mais bregas do que o Roberto Carlos. A diferença é que ele nunca está de azul.

Depois, minha mãe vai ligar pra avisar que o meu pai morreu e é capaz de eu nem chorar por pura timidez.

Depois, perceberei que posso viver sem todas as mulheres que amo, mas não posso viver sem mim.

E depois, o dia vai amanhecer com todas as respostas que eu sempre busquei e nem vou me lembrar de agradecer aquele bêbado que tinha me definido tão bem.




Procura-se

Mulher séria, inteligente, apaixonante, dominadora, brava, disciplinada, exigente, sedutora, impaciente, honesta e com capacidade de liderança.

Tratar com alguém que precisa de juízo, eu.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Bah



Todos os dias são enormes
sem você

Eles começam em noites
em claro

Passam por tardes
proletárias

E terminam em suas
fotografias...



Mas eles também podiam
ser enormes com você

Começariam ensolarados
pelo seu sorriso

Passariam por nossas
tardes em seu corpo

E terminariam bem na hora
de começar tudo de novo.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Introdução a Sociologia

Segundo as últimas pesquisas, existem no mundo três tipos de Viado cientificamente comprovados.
São eles: o Viado de Coração, o Viado por Opção e, um último recentemente descoberto, o Viado por Desilusão.
O Viado de Coração é a espécie mais comum de ser encontrada pelos quatro cantos do mundo, inclusive de quatro. Eles são sempre os primeiros a serem descobertos devido ao hábito de extravasar sentimentos de alegria ou tristeza sempre como se estivessem concorrendo ao Oscar de melhor atriz.
O Viado por Opção já não é tão fácil assim de ser encontrado. Geralmente ele se camufla pela sociedade fazendo papel de macho reprodutor. Porém, sempre carrega em seu histórico de vida algum troca-troca juvenil escondido em seu passado. Outra característica marcante do Viado por Opção é que ele sempre começa a ter relações sexuais fazendo papel de ativo, mas com o tempo também passa a usar o seu brioco como moeda de troca para segurar o bofe.
E por último temos o tipo recentemente descoberto de Viados por Desilusão. Via de regra, são todos heterossexuais que por ter passado anos sofrendo desilusões amorosas começam, em uma busca instintiva por solução, a perceber que no mundo ainda há corações e órgãos sexuais muito interessados em seu coração e órgãos sexuais. Além disso, os Viados por Desilusão são uma espécie com muitos problemas de depressão, rejeição paterna e extrema curiosidade cognitiva anal.
Entre os três, ainda não é possível afirmar que exista alguma superioridade de um tipo sobre o outro, mas sabe-se que todos se relacionam super bem, inclusive num mesmo banheiro com apenas um sabonete. Vale lembrar também que, independente de seus atos furnicatórios, todos eles são pessoas que merecem muito respeito, fama, glamour, luxo e rola.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Eu e o meu Pinto



Devo ter começado a me masturbar com uns treze anos mais ou menos.
Não lembro direito da primeira vez, mas lembro que por muito tempo absolutamente nada acontecia. Meu pinto ficava duro, claro, e mais nada. Nada de orgasmos, nada de esperma, nada.
Esse era o meu drama. Meu e dos meninos. Hoje sei que todos mentiam. Nenhum de nós era capaz de gozar naquela época, mas todos diziam ser. Inclusive eu, lógico. Alias, todos já se diziam também com pelos no saco. Tudo mentira.
Eu me matava no banheiro por uma gotinha de esperma e nada dela aparecer. Num desses dias me masturbei tanto que abriu uma ferida no meu pinto, até sangrou. Esse excesso me rendeu um castigo de uma semana sem poder encostar no meu pinto, foi foda.
Certo tempo depois, superada a fase da escassez do gozo e etc, eu já despontava como um dos maiores punheteiros do planeta. Lembro que eu e os meninos fazíamos campeonato de punheta. Certa vez, eu e um amigo batemos um recorde de ficar sete minutos se masturbando em alta velocidade e sem parar. Espalhamos pro colégio inteiro. Que vergonha.
Eu não perdoava nada. Nem anúncio de calcinha naquele jornalzinho das Lojas Americanas eu deixava passar. Ficava olhando bem de perto naquelas fotos pra ver se a transparência da calcinha não permitia que eu visse a buceta da modelo. Alem disso, também batia punheta em todos os lugares que você possa imaginar. Batia no banheiro da escola entre uma aula e outra, na casa daquele amigo que tinha uma irmã mais velha, na laje de casa, dentro do carro do pai e por aí vai.
Lembro de só ter dado uma reduzida na quantidade depois de ter ouvido falar que se eu acostumasse o meu pinto só com masturbação, depois na hora de transar pra valer ele não ia funcionar. Essa notícia foi tão chocante pra mim na época, que sigo essa recomendação até hoje.
A regra é a seguinte: só é permitido se masturbar quando o seu pinto ficar duro sozinho. Não pode forçar o pinto a ficar duro com as mãos, senão ele esquece de subir sozinho quando você precisar. E olha que esse negócio funciona. Hoje já criei uma intimidade tão grande que só mando um comando mental e o meu pinto já responde e corresponde.
A única coisa que ainda não entendi direito como funciona, é o porque da gente nunca bater punheta pensando na mulher amada. Homem parece que aprende desde de cedo a separar o amor do sexo. Sempre batemos punheta só para as meninas mais galinhas. Sempre me pego batendo punheta para mulheres por quem nunca senti vontade de passar mais do que meia hora conversando. Triste isso.
Outra coisa que também anda meio inexplicável ultimamente, é que tenho preferido só me masturbar pensando em alguém com quem já transei. Nunca fui assim. Como se eu já estivesse cansando de usar tanto a imaginação. Agora, já lembro logo de uma boa trepada acontecida e desenvolvo. Aliás, esse silêncio todo da madrugada tá me sugerindo uma boa punhetinha antes de dormir. Talvez soe sujo, mas não deixa de ser uma forma pra lembrar de uma pessoa que não ando querendo esquecer por enquanto.
Boa noite.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Cadê minhas drogas?

Na verdade, não gostaria de dividir isso com ninguém. Mas não estou conseguindo. É muita angústia.
Preciso contar o que tem acontecido comigo ultimamente. Mesmo que o preço seja mais alto do que eu possa pagar.
Vou tentar encarar os fatos de frente e não me preocupar com a crítica alheia. Nem sempre nossos defeitos devem se manter em segredo. E eu estou cansado de esconder, de me esconder.
Por alguns anos até consegui lidar bem com isso. No máximo de dois em dois dias as minhas crises se resolviam e tudo terminava bem. Mas hoje tem sido muito mais complicado pra mim.
O pior é que não encontro mais solução. Talvez até por isso esteja tornando público. Preciso dividir essa merda com alguém. Preciso assumir o problema.
Antes, eu respirava com mais liberdade. Não ligava muito para o que os outros iam pensar e assim lidava melhor com a abstinência. Mas ultimamente anda muito difícil.
Pior que já tentei de tudo. Mudar de casa, meus horários, rotina, mas não dá certo. Continuo me sentindo do mesmo jeito, com os mesmos pensamentos e com as mesmas vontades.
Se pudesse me matava só pra ver se conseguiria retomar tudo de novo. Tenho certeza que voltar atrás me faria andar pra frente. Até porque sei que no meu caso o problema, por enquanto, não é químico.
Agora por exemplo, deve ser mais ou menos duas horas da manhã e ainda não consegui absolutamente nada. Continuo na mesma secura do dia anterior do anterior do anterior. E daqui a pouco todo o mundo vai perceber.
Realmente, não agüento mais. Quando será que as minhas idéias vão voltar?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mais um dia, menos um dia


Quanto menos escrevo mais as pessoas vem aqui. Estão todos esperando minha morte, eu sei. E do jeito que me arrisco por aí, nem está tão difícil disso acontecer.
Daqui a pouco vai fazer um ano que o numerólogo me disse “abandone a gandaia”, mas eu, infelizmente, resolvi abandonar ele. Não sou desses movidos por adrenalina ou por gostos particulares. Na verdade, nem sei porque faço o que faço. Acho que é só porque não pode. Se não pode, eu faço. Se está sujo, eu ponho a língua. Se queima, eu jogo mais gasolina. É uma merda.
Se eu fosse de cometer as mesmas loucuras por amor ou por trabalho, estaria rico ou feliz. Duvido que alguém já tenha colocado como senha do cartão de banco a data de aniversário de um grande amor não correspondido. Eu sim. Duvido que alguém guarde até hoje o caderninho de catecismo de uma menina que parecia ser perfeita há 20 anos. Eu sim.
É por isso que às vezes me irrito por tanta paixão não ser direcionada para as coisas certas. Gasto energia demais pra viver histórias que não servem pra muita coisa. Às vezes divertem, às vezes dão um certo status, mas na maioria só dão ressaca. E nem estou falando de bebida. Ressaca de bebida é a coisa mais fácil de curar. Difícil mesmo é conviver com o arrependimento que certas atitudes nos trazem.
Enquanto isso, sigo levando bronca de todos os amigos e por todos os lados. Não que estejam errados ou que eu discorde, mas a verdade dói. E todos parecem neurocirurgiões na hora de apontar minhas fraquezas. E mais que isso, abrem a mesma ferida várias vezes e não deixam meus erros cicatrizarem.
Neste exato momento ainda tô sangrando uns cortes recebidos na semana passada. Todos merecidos, mas será que justos? Até eu que sempre fui nietzchiano e que nunca gostei das pessoas que não aceitam o fato de serem as maiores responsáveis por suas próprias tristezas, hoje repenso a respeito.
Minha sorte é que dificilmente fico triste. Isso geralmente só acontece quando me deixam sozinho num quarto e o meu silêncio passa a gritar palavrões no meu ouvido que ainda funciona.
Mesmo assim, ouvir meus próprios dilúvios ainda é infinitamente mais proveitoso. Vocês até sabem o que dizem, mas só eu sei o que não ouço. E não é pouco.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

fugindo do pau


É difícil acreditar, mas este carnaval eu passei em branco. Isso mesmo, em branco. E isso não é nenhuma metáfora tentando dizer que cheirei cocaína pra caralho. Nada disso.

Na verdade, eu até saí no primeiro dia de farra, mas tive uma crise de consciência depois dessa noite e preferi me trancar no quarto e me fingir de morto. Só saí pra cagar ou pegar guloseimas na geladeira. Por insistência da minha mãe, claro.

Só sei que os dias voaram. E quando acordei já estava na hora de embarcar no ônibus pra voltar pra terra do nunca. Então comprei a passagem, tropecei na escada rolante, entreguei o comprovante pro motorista e subi no ônibus.

Lá dentro, eu deveria sentar na poltrona número 20. Deveria, porque já tinha alguém no meu lugar. Era um menino, de três anos no máximo, e sua mãe, também muito jovem. Daquelas que trepam ainda meninas e não tem grana pro Citotec.

Bom, aí, mesmo me cortando o coração, tive que informá-la que uma daquelas poltronas era minha e que conseqüentemente o menino ia ter que ir no colo dela.

Ela, imediatamente, meio envergonhada, topou. Só que topou sentando-se na poltrona da janela. Entendeu? Isso mesmo, a da janela era minha. Tudo bem, abri mão, “sou adulto”. Desgraçada.

Minutos depois, partimos. Ela com aquele vermezinho em cima dela. E eu com os vermezinhos dentro de mim, como sempre. Eu até tentava perdoar a situação, me colocar como alguém maior, de bom coração, mas não dava. Aquele filho da puta de três anos não parava de falar um segundo sequer. A luz do teto ele acendeu e apagou umas duzentas vezes. Era impossível se concentrar e pegar no sono.

A certa hora, quando eu estava quase dormindo, o moleque começou com um tal de: mãe, quero fazer coco. Quando ouvi aquilo tive a certeza de que aquilo era deus me testando.

A mãe, como não podia ser diferente, me pediu licença e levou sua fabriquinha de bosta pra cagar no banheiro do ônibus. Do meu lugar eu só ouvia a porta abrir e fechar várias vezes. Acho que o trinco estava quebrado e os passageiros do fundo em breve também iam começar a odiar uma criança.

Bom, só sei que antes do natural a dupla voltou, me acordou, me incomodou, me pediu licença e sentou. Eu na verdade não dormia, mas era obrigado a me fingir de morto senão o filho da puta do moleque começava a puxar papo comigo. Foda.

Minutos depois, o moleque improvisou de novo: mãe, quero fazer xixi. A mãe, que nem era tão mãe como as de antigamente ameaçou o moleque sem culpa nenhuma. Disse: pode mijar nas calças, lá no fundo não te levo mais. Nessa hora até gostei da atitude dela. Não deixou o moleque dominar a situação.

O problema é que ele tava meio ruim da barriga mesmo, porque às vezes vinha um cheiro de esgoto na minha cara muito estranho. Enquanto estávamos na marginal do rio Tietê, até pensei que o cheiro vinha do rio. Mas não, vinha do cu do moleque mesmo. E se não me falha a memória, eram daqueles peidos meio umedecidos, terríveis.

Daí pra frente até que eu já estava me acostumando com a situação. Tinha que ficar todo torto na poltrona, me fingindo de morto e ainda pensando em coisas boas pra tentar não deixar o ódio me consumir. Bom, só sei que horas depois aceitei meu destino e segui no meu canto tentando não desejar a morte pra alguém tão jovem.

De repente, quando eu tava quase dormindo, sinto uma mão em cima de mim. Bom, na verdade não era em cima de mim, era em cima do meu pinto. Bem em cima, bem colocada. Sem saída. O moleque tinha pegado no sono e deixou a mão escorregar pra cima de mim. Logo em cima do meu pinto.

Aí, fiquei naquela dúvida cruel: tiro ou não a mão do moleque de cima do meu pinto? Se tirasse a mãe ia ver na hora que eu tinha pensado em sacanagem. Se não tirasse, talvez ela percebesse meio tarde e pudesse achar que eu tava me aproveitando da situação. Só sei que mais ou menos por uns vinte minutos viajei com a respiração presa. Se meu pinto endurecesse iam me matar. Eu ia me matar...
Enfim, foda-se. Cansei de escrever esta merda.