terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O elefante e a formiguinha

Desde que decidi ser maluco, tenho a mania de comer em cima da cama. Café da manhã, almoço, jantar, lanche, bolacha, chocolate: tudo eu como na cama.

Lembro que comecei com essa mania depois de reparar que meu pai comia como um porco na mesa. Ele, com todo o seu “adorável” jeito italianão de ser, gesticulava demais, falava enquanto mastigava, pegava as coisas com a mão e etc. E aquilo me deixava puto, enojado.

Aí, um belo dia, que não me lembro qual, decidi que nunca mais ia comer com ninguém dividindo a mesma mesa. Claro que isso não se cumpre ao pé da letra, mas pelo menos dentro de casa e agora aqui na pensão eu cumpro direitinho. Hora de comer é hora de vir pra minha cama e ponto.

Porém, uma coisa aparentemente inocente e até meio anti-higiênica como esta, ultimamente tem me trazido problemas maiores.

Lá em São Paulo, o meu verdadeiro lar, moro no décimo andar. E, talvez por isso, nunca tinha tido um problema parecido com o que estou tendo agora aqui em Ribeirão.

O meu atual problema é o seguinte: milhares de formigas decidiram morar dentro do meu edredom. Sim, isso mesmo. Elas estão morando entres aquelas camadas que possuem os edredons.

Comecei a notar o fato quando diariamente eu pegava uma formiga completamente perdida andando pelo meu braço. Era sempre assim: eu sentia uma coceirinha e quando olhava, lá estava uma formiguinha andando sob o meu braço.

Só que a coisa foi ficando cada vez mais grave. Aquela coceira que sempre sentia no braço começou a mudar de lugar e a aumentar muito de freqüência. Neste exato momento estou com uma coceira nas costas e espero de coração que não seja mais uma formiguinha.

Mas o pior ainda não é isso. Matar umas formiguinhas no braço e coçar a perna de vez em quando por causa de alguma aventureira até que não me incomoda muito. Porém, ultimamente elas tem invadido uma região definitivamente proibida: meu cu.

Sábado agora, que passei o dia todo deitado assistindo filme, também passei o dia todo coçando meu cu. Sim, parece brincadeira, mas não é. Talvez por um resto de resíduo de bosta ou pelo cheiro impregnado de merda que nosso cu possui, as formiguinhas, talvez em busca de alimento fácil, começaram a visitar o meu cu copiosamente.

Claro que não cheguei a pegar nenhuma formiga cometendo o ato, até porque não tenho olhos no cu. Mas, com certeza, cada vez que meu cu coçava e eu roçava a mão na bunda, alguma formiga devia estar morrendo.

O mais curioso desta história é que de alguma maneira consegui alterar o ecossistema aqui da casa.

Antes, para as formigas se alimentarem, elas tinham que esperar as baratas, que moram na caixa de esgoto aqui da casa, morrer. Depois disso, elas iam em grupos devorar as baratas e assim se dava o seu contato indireto com a bosta.

Hoje não. Hoje elas moram na minha cama, dentro do meu edredom e nem precisam mais se preocupar em ir atrás de comida, pois a comida, no caso meu cu, vem até elas diariamente.

Com isso, acho que tenho vivido ultimamente alguma coisa até parecida com aquela famosa fábula infantil entre o elefante e a formiguinha.

Pra quem não conhece, essa fábula conta a história de uma formiguinha tarada que, num dia qualquer, pede autorização ao elefante para comer o cu dele, dizendo que nunca se arrependeria de tanto prazer.

O elefante, sabendo do seu tamanho mil vezes superior e da insignificância da formiguinha, autoriza então o ato sexual e permite que a formiguinha coma o seu cu.

Porém, o elefante, de tão grande que era, esqueceu que a formiguinha estava comendo seu cu e começou a cagar como se nada estivesse acontecendo. Cagou, cagou e cagou até não ter mais nem um peidinho de merda pra soltar. Foi quando de repente, do meio daquela montanha toda de merda apareceu a formiguinha. E, num gesto de pura autoconfiança e orgulho próprio, olhou bem nos olhos do elefante e disparou:

- Viu só senhor elefante? Eu não disse? Sou pequena, mas arranco bosta.



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