quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A enxada e a caneta

Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão
Encontrou-se com uma enxada, fazendo a plantação.
A enxada muito humilde, foi lhe fazer saudação,
Mas a caneta soberba não quis pegar sua mão.
E ainda por desaforo lhe passou uma repreensão

Disse a caneta pra enxada não vem perto de mim, não
Você está suja de terra, de terra suja do chão
Sabe com quem está falando, veja sua posição
E não esqueça à distância da nossa separação

Eu sou a caneta dourada que escreve nos tabelião
Eu escrevo pros governos as leis da constituição
Escrevi em papel de linho, pros ricaços e barão
Só ando na mão dos mestres, dos homens de posição

A enxada respondeu: que bateu vivo no chão,
Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrão
Eu vim no mundo primeiro quase no tempo de adão
Se não fosse o meu sustento não tinha instrução

Vai-te caneta orgulhosa, vergonha da geração
A tua alta nobreza não passa de pretensão
Você diz que escreve tudo, mas tem uma coisa que não
É a palavra mais bonita que se chama educação.


Capitão Barduino/Teddy Vieira



2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo...

Isso é literatura de cordel?


Eu conheço porque minha família é toda de lá...




:)

Anônimo disse...

clap, clap, clap... lindo!
;o)
bj