quarta-feira, 4 de junho de 2008

Iluminado: esse foi o apelido que ela me deu

Suas histórias de amor dariam um romance ou apenas um conto?

Curioso isso, mas deve fazer algum sentido.

Minhas histórias de amor correspondido dariam apenas contos, bem curtos. Alguns bens escritos, outros apenas imaginados.

Já minhas histórias de amor não correspondido dariam uma coleção de dez volumes em capa dura. Daqueles que até a Folha de São Paulo ia querer ter os direitos pra vender assinatura de jornal.

Mesmo assim, acho que não há muito que se entristecer. Afinal, se os donos das histórias somos nós, cabe a nós mesmos transformar tudo o que for ruim em apenas contos mal escritos, sem emoção, sem importância.

Sofrer por amor é mais normal do que peidar em reunião de trabalho. Ninguém gosta muito de confessar, mas todo mundo peida enquanto ouve o chefe falar. E o pior, tenta dar uma contornada na situação soltando os puns bem aos poucos, torcendo pra cadeira absorver o gás.

Além disso, sofremos porque sempre terminamos dando a caneta pro nosso parceiro escrever as histórias. O amor faz a gente se entregar demais. E quando a gente vê, a outra pessoa já adicionou personagens na história que escapam do nosso controle.

Uma letra do Raul Seixas dizia e diz uma coisa que carrego até hoje e que pra mim sempre fez sentido e efeito: “sempre existe um careta em meu caminho”. É exatamente assim que me sinto todas as vezes que perco o controle ou o coração da pessoa amada, porque não tem jeito, “sempre existe um careta em meu caminho”.

Claro que já tentei bancar o careta, mas essa fantasia não me cabe. Ser careta pra mim é ser raso, cinza, morno, intérprete e nunca autor. Já eu gosto do roxo, do gelado, do profundo, da autoria e do vexame. E, cá entre nós, algumas mulheres até se encantam comigo, mas não agüentam mais de uma semana no meio desse universo.

É por isso que no fim o que sobra pra mim são meus amigos. Sem eles minha vida seria apenas um conto muito chato. Daqueles com no máximo vinte linhas, nenhum erro de português, nenhuma cena de suruba, começo meio e fim e, o pior, já teria sido escrito há muito tempo e não poderia ser nunca mais alterado.

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto.
Vc é um exemplo ainda vivo de que nada está perdido e que amizade é isso aí.

Unknown disse...

aí na boa, nunca peidei na cadeira não! e... careta? tipo um cigarro?huauahu acho que repetirei suas poesias nesta semana que antecede o dia dos namorados, eu sofro com elas! beijos da KK

Anônimo disse...

putz, boa idéia... vou tentar fazer uma bem triste, pra causar suicídios....heheheh... saudade. kiss

Anônimo disse...

sempre que digo a verdade o mundo rava...o mundo é uma mentira

Anônimo disse...

E qual a graça de ter a vida do tamanho de um conto? Não vejo nenhuma... a não ser que seja uma coleção de contos, vários, muitos, a ponto de se criar uma coletânea!

E se a vida é um caderno, e alguém escreveu um trecho que não combina com a história, vire a página. Isso eu aprendi durante a vida.

Bjs!